
Com influências tão diversas como Nina Simone, Tom Jobim, Jackson do Pandeiro e Bjork, Cibelle é uma estrela em ascendência. Seu primeiro trabalho é eclético, e isto pode ser uma vantagem ou não. Alguns ouvintes irão desfrutar deste repertório e estilos variados enquanto outros podem pensar que Cibelle está procurando o seu próprio espaço na música brasileira. Das 11 faixas do álbum, nove foram escritas por Cibelle, que canta com a mesma facilidade quer seja em português ou inglês. Sua voz tem às vezes uma semelhança muita forte com a de Bebel Gilberto, como na faixa "Luísas" de influências jobinianas, ou às vezes com a voz de Adriana Calcanhotto, como em "Só Sei Viver no Samba". Entretanto, estas semelhanças não impedem que você curta o balanço bossa nova de "Luísas" onde João Parahyba (do Trio Mocotó) se apresenta na percussão. A letra da canção se utiliza das belezas do Rio de Janeiro e de vários títulos de outras canções de Tom Jobim (e.g., "Dindi" e "Lígia"). João ainda retorna em mais outras duas faixas. A admiração que Cibelle tem por Jobim recebe outro destaque ainda no dueto com Johnny Alf, que toca teclado Rhodes em "Inútil Paisagem". O arranjo é pós-bossa nova, suave e inovativo, principalmente no acompanhamento do baixo de Robinho e vários efeitos eletrônicos. O arranjo é preciso na recriação ambiental das boates cariocas e sons do oceano. A voz de Cibelle e sua interpretação são excelentes aqui. O álbum encerra com a faixa blues "Pequenos Olhos" com uma letra muito tocante. Esta faixa tem duração de mais de nove minutos. Entretanto, depois dos primeiros cinco minutos, só existe silêncio por quase três minutos. No finzinho você então ouve um piano antigo que resurge e uma voz muito semelhante ao estilo de Billie Holiday. É bonitinha mas um pouco destoante do resto do álbum.
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